Monday, June 4, 2007

A inspiração de Bjork

Há algum tempo tenho tido a vontade de escrever interminavelmente. Sobre mim, sobre o mundo, sobre as pessoas que conheço, as que não conheço, as que quero conhecer e as que deixei de conhecer.
Tentei começar por escrever sobre mim, mas tornou-se uma tarefa difícil. O que hei-de dizer sobre mim? O que sou, o que não sou, o que gosto o que não gosto?! Sou tantas coisas que nem sabia por onde começar. Tornar-se-ia um texto aborrecido e quem quereria ler sobre mim? Pouca gente ou nenhuma.
Além disso prefiro que me conheçam por conviver comigo que por ler um estúpido texto.
Escrever sobre o mundo? Deixo isso para os jornalistas, eles sim têm a capacidade para escrever coisas bonitas e arranjadinhas. E sabem que alguém lê o que eles escrevem. Também são pagos para escrever e conhecem bem as palavras. Têm esse dom da escrita que eu sei que não tenho e que não me custa admiti-lo.
Escrever sobre as pessoas que conheço?! Será que sei assim tanto sobre elas que dê um texto? Provavelmente sim, mas não é coisa que me esteja a apetecer agora. E sobre quem começaria a escrever? Iria ser uma escolha difícil. Talvez um dia.
Escrever sobre quem não conheço? Porque não? Gosto de escrever sobre casos de mulheres mal tratadas, sobre discriminações sexuais, sobre machismo. Mas esses textos deixo para aqueles dias que estou irritada e que tudo parece correr mal.
Escrever sobre quem quero conhecer parece-me bem. Mas e agora? Quem é que quero conhecer? Acho que quero conhecer alguém que me trate bem. Alguém que me faça feliz e que me apoie nas decisões mais difíceis. Alguém que em vez de me criticar, me ajude a fazer melhor. Gostava de conhecer a pessoa que estivesse sempre presente e nunca distante. Alguém que a sua presença mantivesse um sorriso constante em mim. Gostava de conhecer a pessoa que em vez de dizer “Vai”, dissesse, “Espera, eu vou contigo”.
Então e escrever sobre quem deixei de conhecer?
Porque não? Era uma boa ideia. Mas não estaria a dar demasiada importância à pessoa?
Por um lado sim, estaria a dar demasiada importância a quem deixou de querer conhecer-me. Por outro lado não, era uma boa maneira de dizer coisas que estão cá dentro. Era como uma espécie de terapia. Será que vou voltar a conhecer essa pessoa?
Por vezes penso nisso. Já pensei que talvez com o tempo passasse. Mas vejo é o tempo a passar e nada a ficar resolvido. Já nem me lembro bem porque deixei de conhecer certas pessoas. Já começo a pensar que foi por estupidez. E talvez tenha sido!
Sem querer fiz um texto. Bom? Mau? Sei lá! Fiz e pronto! A inspiração quase que se ia, mas ao ouvir Bjork ela voltou.